Orgulhosamente, minha campanha a deputado federal vai auxiliar na preservação de florestas
Artigo por Emerson Kapaz
Dizem que sou um otimista incorrigível. De certa forma concordo com o bordão, pois boto fé na capacidade transformadora das pessoas, que, não raro, têm uma força admirável para encarar diversidades – e no Brasil, não são poucas nem pequenas. Ao contrário, os desafios são gigantescos: miséria, fome, falta de água e esgoto tratado, de educação e saúde de qualidade, de oportunidades. Ainda que alguns insistam em desdenhar, a questão ambiental – eixo sob o qual se montam as novas alavancas do desenvolvimento – permeia toda e qualquer saída para inverter essa penúria. Mais: as ações nessa área não se limitam ao governo. Envolvem empresas e organizações da sociedade civil, coletivos diversos e cada um de nós – muitos já operando com força total.
Não é apenas retórica. O “cada um de nós” traduz o que chamei de cidadão ESG (Environmental, Social, Governance). Na prática, o compromisso individual de não só separar o lixo, reciclar o óleo de cozinha, as garrafas pet e as latinhas, de poupar água e luz, mas de participar da coletividade, respeitar a opinião de todos e tentar auxiliar na construção de consensos. De repudiar qualquer tipo de discriminação e valorizar o diferente. E, sempre que possível, ir além.
Fazê-lo nem sempre é fácil, mas é estimulante.
Assim, o ir além – que exige determinação de fazer e não promessas vazias – me levou à decisão de me lançar à disputa por uma vaga na Câmara dos Deputados como o primeiro candidato Carbono Zero do país. Uma ação inédita que adoraria ver disseminada em outras campanhas políticas e no exercício dos mandatos parlamentares.
O primeiro passo foi o de estimar gastos – deslocamentos rodoviários e aéreos do candidato e de seus auxiliares, materiais impressos, conta de energia, etc. – e convertê-los em toneladas de carbono a serem trocadas em créditos. No meu caso, contei com a expertise da certificadora Tesouro Verde, que se responsabilizou pelos cálculos e indicou a floresta na qual meus créditos serão utilizados. Orgulhosamente, minha campanha a deputado federal vai auxiliar algumas florestas na região da Amazônia – com o devido selo de certificação.
Pelas estimativas, os 45 dias de campanha batem em 8 toneladas de CO2, sujeitas a reajustes ao final. Não é muito, mas é bastante. Para se ter ordem de grandeza, de acordo com o Observatório do Clima, cada cidadão brasileiro emitiu 10,4 toneladas brutas de carbono em 2020, ano em que o Brasil fez feio, com crescimento de 10 a 12% nas emissões, contabilizando o espantoso número de 2,17 bilhões de toneladas de dióxido de carbono lançadas no ar.
O peso disso nas alterações do clima e na vida das pessoas é de arrepiar. Calor excessivo, secas prolongadas, chuvas torrenciais, endemias/pandemias provocadas por invasão dos habitats nativos das pragas. Não há dúvida, portanto, de que é urgente inverter a rota. A indústria pode produzir mais e melhor sem poluir ou degradar o ar, a água e o solo, promovendo relações inclusivas, saudáveis e participativas dos funcionários. No agronegócio, hoje a maior força do nosso PIB, está provado que é possível bater recordes de safras longe do desmate insano, com tecnologia de ponta, manejo sustentável do solo, áreas de conservação e até de recomposição de florestas.
Paralelamente, os movimentos de compensação ambiental por créditos de carbono ainda são tímidos na economia brasileira. Mas o processo, que começa a ser utilizado por empreendedores de diferentes portes, não é bicho de sete cabeças e tende a se alastrar.
No caso de campanhas políticas, os resultados podem ser para lá de animadores, principalmente se combinados com o compromisso absoluto não só com a proteção do meio-ambiente, mas na promoção de um ambiente saudável. Em especial nas relações humanas, pautadas pelo diálogo, pelo reconhecimento do outro, primeiros passos para firmarmos um novo pacto social e, assim, vencermos a gritante e cruel desigualdade que impede uma vida digna à maioria dos brasileiros.
É esse o sentimento que me inspira, que me faz candidato. Um candidato ESG, Carbono Zero.
Emerson Kapaz disputa uma das 70 cadeiras de São Paulo na Câmara dos Deputados. Empresário, foi secretário de Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Econômico do governo Mario Covas (1995-1998) e deputado federal (1998-2002).