por Ramon Barbosa Franco
“Tenho ótimas lembranças de Marília, mas nos últimos anos deixei de viajar”, comentou o imortal da Academia Brasileira de Letras (ABL) Ignácio de Loyola Brandão, romancista de Araraquara e jornalista. Ignácio esteve em Marília pela última vez entre 2010 e 2011, quando palestrou no campus da Unesp (Universidade Estadual Paulista). No começo deste mês de junho, Brandão voltou a prestigiar a Universidade Estadual Paulista ‘Júlio de Mesquita Filho’, mas desta vez como espectador. O escritor se dirigiu até o Memorial da América Latina, no bairro Barra Funda, em São Paulo, para assistir à sessão de outorga de título de Doutor Honoris Causa para o escritor e Prêmio Camões, Mia Couto.
Mia Couto se tornou a 19ª pessoa a ser reconhecida com o título de Doutor pela Unesp em razão de uma causa. A 18ª havia sido o próprio romancista Ignácio, que possui familiares em Vera Cruz e, por isso, na sua juventude esteve por algumas ocasiões em Marília, participando dos bailes do Tênis Clube. “Espero assistir à cerimônia em Estocolmo, quando a Academia sueca entregará a você, Mia Couto, o segundo Nobel de Literatura para a Língua Portuguesa”, declarou o imortal de Araraquara. Nascido em Moçambique, uma das ex-colônias portuguesas, Mia – que se chama Antônio Emílio Leite Couto – é cotado para conquistar o prêmio máximo da Literatura mundial, assim como venceu o português José Saramago – até então único Nobel da Literatura em Língua Portuguesa.
Formado em biologia, Mia Couto é autor de livros emblemáticos e de elevado reconhecimento de crítica e público, como ‘Terra Sonâmbula’ e ‘Um rio chamado tempo, uma casa chamada terra’. Ao discursar após a concessão do título, defendeu a relevância da universidade para a construção do pensamento livre. Mia Couto é tido como um militante da Língua Portuguesa e um defensor da humanidade.