por Mariano Rocha
Há quase dois anos, tenho mergulhado em um Projeto de Pesquisa na área de educação e Identidade Digital (ID) para entender e me aprofundar, justamente, nos resultados de percepção, assimilação e avaliação no comportamento dos jovens, Confesso que com o avanço da Internet e a rapidez das informações nas redes sociais, os processos de Comunicação e Relacionamentos, tecnologicamente facilitados ou não, é possível prever maior integração entre as práticas humanas e digitais, aprendizagens reais e virtuais, mas lamentavelmente, esse impacto da Inteligência Artificial, também vem deseducando os estudantes na mesma velocidade.
E é fácil participar deste “vício” de digitalidade que do mundo tem oferecido para todas as idades. Vício este que nos oferece facilidades com ferramentas instaladas nos smartphones (celulares) que favorecem, direta e indiretamente, a constituição de uma falsa autonomia intelectual a partir de meses de idade, bem como seu desenvolvimento e inclusão social e digital proporcionada. E a prática de educar jovens do Ensino Médio nesta Era Digital, tem me estimulado a desenvolver metodologias ativas para que o relacionamento e as aulas se tornem ainda mais relevantes, interessantes e recheadas com pesquisas, imagens, vídeos, filmes, lives, enfim, recursos que enriquecem os conhecimentos. Mas, da mesma forma que nos abre para o mundo, a internet, também oferece conteúdos capazes de destruir tudo! Sabe por que?
Porque as redes sociais são como fios condutores de veiculação de conteúdos diversos e, isso, têm se tornado uma “arma” que pode até parecer inofensiva nas mãos das crianças e adolescentes (quase sem nenhuma preocupação dos pais), mas, são elas que estimulam discursos de ódio para os sucessivos episódios de violência que chegam a todos: escola, família e sociedade com “efeito contágio” e passa a impulsionar as agressões, o bullying, suicídios e as síndromes do pânico e da ansiedade que têm ganhado destaque nas escolas.
Portanto, é interessante que as famílias fiquem alerta, vigiem, analisem o comportamento dos filhos, façam buscas ativas nos acessos dos celulares e computadores para entender esses jovens e suas reações. Essa contribuição familiar ajuda a cessar esse “efeito contágio”, termo que tenta mostrar como um mesmo padrão de comportamento (violência, suicídio, autoagressão, entre outros) pode se repetir em diversos locais e situações em um curto intervalo de tempo, por influência de determinados veículos de comunicação, no caso as mídias tradicionais ou redes sociais que tem revolucionado o comportamento desses jovens dominados pelos bombardeios de conteúdos diariamente acessados pelos celulares. Trabalhos científicos já mostraram, por exemplo, que o consumo maciço das redes pode predispor os jovens, sobretudo as garotas, a um maior risco de quadros de transtornos alimentares, ansiedade, sintomas depressivos, piora da autoestima, entre outras questões de saúde mental. Esses mesmos impactos na percepção se tornou a grande fonte de informação e interlocução de gerações que se perderam com o avanço da internet. Como os adultos que viveram sem conectividade e conquistaram seus projetos de vida e objetivos profissionais, esses jovens precisam enxergar e se espelhar nos outros para tentar entender seu lugar, seu papel e seu jeito de ser no mundo. Como professor e pesquisador de comportamento, sinto que as escolas precisam da ajuda de especialistas e dos pais para moldar o interesse desses jovens que, nem tudo que acontece nas redes, seja exemplo ou molde de perceber e se relacionar com o mundo, ou melhor, de entender o que é o bem e o mal.
Vale ressaltar que exemplos de discursos de ódio e violência não faltam. Recentemente, passamos a sentir uma espécie de efeito contágio de um quadro de espasmos coletivos que teria começado em uma “trend” no TikTok. Também tenho acompanhado que influenciadoras jovens, ao condenar métodos contraceptivos hormonais e exaltar “métodos naturais” de prevenção da gravidez, poderiam aumentar o risco de gestação indesejada entre adolescentes. Essa relação, cada vez mais intensa, só deve aumentar no futuro como mostra um artigo recente da psicóloga, Vera Iaconelli. Portanto, reforço a necessidade de vigiar os acessos para entender o poder que essas novas mídias têm sobre o comportamento e a tomada de decisão dos jovens.
Mariano Rocha é jornalista, social mídia e professor na rede estadual de Ensino

























