Diplomata e pesquisador brasileiro aponta cuidados que o mundo deve ter

Por ONU News
A Inteligência Artificial está cada vez mais inserida no nosso dia a dia embora muitas vezes não seja notada. Desde o GPS que indica o caminho com menos trânsito até em soluções para saúde, a tecnologia vem ganhando espaço e facilitando muitos processos. Mas quais são os efeitos dessa tecnologia para as pessoas?
O diplomata e pesquisador brasileiro Eugenio Vargas Garcia, que mora na Califórnia, falou sobre os cuidados que o mundo deve ter com o avanço da Inteligência Artificial, e explicou o significado do termo.
O que é?
“São técnicas que envolvem aprendizagem de máquina e profunda, utilizando redes neuronais, o deep learning. Isso tem sido utilizado para executar tarefas que nós humanos não seriamos capazes de alcançar pela velocidade e amplitude dos dados que o sistema utiliza. Por exemplo, se você deseja identificar uma sequência de imagens, de fotografia em um banco de dados com milhões dessas imagens, nós demoraríamos muitos anos enquanto a IA pode fazer em questão de segundos.”
Antecipando os riscos que a rápida aprendizagem dos sistemas poderia significar, a Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura, Unesco, adotou recomendações para guiar a construção da infraestrutura legal e assegurar o desenvolvimento ético da tecnologia.
Vulneráveis
De acordo com Garcia, o documento pretende “maximizar o potencial e minimizar os riscos” do uso da Inteligência Artificial. Ele reforça que grupos mais vulneráveis, como as crianças, podem estar expostos se os produtos fabricados com a inovação não contarem com boas práticas e processo éticos da concepção ao pós-venda.
“No caso das crianças, nós temos muitos exemplos dos perigos que a gente pode enfrentar em relação ao uso inadequado da tecnologia. Um exemplo seria no caso de um robô de brinquedo, que seja produzido utilizando a tecnologia de Inteligência Artificial para interagir com a criança. Se esse sistema não estiver realmente seguro e alinhado com os princípios isso poderia colocar a criança em risco. Vamos supor que nessa interação espontânea, o robô sugira uma brincadeira que, para ficar mais interessante, ela fique mais perigosa. Pode induzir, então, a criança a se colocar em risco”.
Recomendações
Garcia é doutor em História e também atua como especialista sobre o tema para as Nações Unidas, explicou que o texto adotado pela Unesco é baseado em dois pilares, buscando evitar abusos e usos antiéticos da Inteligência Artificial.
O primeiro avalia os valores e princípios para a adoção da tecnologia e o segundo, as ações políticas, ou seja, como os Estados-membros vão buscar implementar as recomendações.
Ele destaca que o documento prevê o uso da inovação exclusivamente para fins pacíficos e concentrada no aspecto humano, não delegando à Inteligência Artificial decisões extremas. A aplicação também deve contribuir para reduzir a desigualdade socioeconômica no mundo.