Durante três dias, 140 descendentes de Portugal, França e Brasil, da linhagem dos patriarcas Quitéria e José Gonçalves, reuniram-se em Marília, Interior de São Paulo
por Ramon Barbosa Franco
A fotografia oficial reuniu os quase 140 descendentes do casal Quitéria e José Gonçalves no campo de futebol da chácara da anfitriã do 2º Congresso da Família Matias, Zuleida Ortiz Tavares Costa, no começo da tarde deste domingo, dia 27 de julho de 2025. Era importante que o momento fosse registrado antes das três da tarde, pois muitos dos participantes precisavam embarcar para a Europa, a exemplo do primo Mário Marques da Silva, que voaria de Marília para Viracopos, em Campinas, e, de lá, para Lisboa. “Às 11 horas desta segunda-feira, dia 28 de julho, devo estar chegando a Portugal”, contou.
Os ancestrais de Mário, que embarcaram para o Brasil, levaram 30 dias, ou mais, na travessia até chegar por aqui. Um baú colocado no hall de recepção na chácara de Zuleida e Emanuel Tavares Costa conservou uma preciosidade nas quatro semanas a bordo do vapor que partiu do litoral português para a Terra Brasilis, o além-mar de Portugal: a vida da pequena Florinda, uma das seis filhas do casal de imigrantes portugueses Mariana das Neves e Antônio Vieira — avós de Zuleida, a neta que 61 anos atrás prometeu que um dia reuniria a família Matias e levaria as notícias dos que vieram ao Brasil. É a filha Zulê — prima de Zuleida — quem contou o quanto o baú, que veio de Espite, cidade localizada a 17 quilômetros de Fátima, foi crucial. Se para os pastorinhos de Fátima a azinheira consistiu em um local sagrado, o baú para os Matias também. “A minha mãe era um bebê e durante a longa viagem de navio de Portugal para o Brasil ficou doente e apresentava febre. Se alguém ficasse doente na viagem, a pessoa era literalmente jogada no mar, pois havia o medo da transmissão do tifo e da febre espanhola. Então, quando a polícia sanitária fazia inspeção na cabine de viagem, a minha avó Mariana escondia minha mãe dentro do baú. Assim que eles passavam, ela tirava a criança de lá. E, desta forma, minha mãe chegou ao Brasil e hoje eu posso estar aqui no 2º Congresso da Família Matias”, relatou com forte emoção dona Zulê antes de descer para o campo de futebol da chácara e participar da foto icônica com 136 Matias.
Sexta-feira, dia 25, sábado, dia 26, e domingo, dia 27: foram os três dias em Marília, no Brasil, em que a promessa de 61 anos atrás, feita pela neta Zuleida à avó Mariana, foi cumprida. “Neste momento em que o mundo passa por tanta desunião, com guerras, um momento como esse, de afeto, de profundeza nas relações familiares, torna-se significativo: é uma mensagem de união, de harmonia e de paz”, comentou a neta Zuleida. A avó Mariana faleceu em Marília no ano de 1964 e nem poderia imaginar que já houve um primeiro encontro dos Matias, em Portugal, que o segundo ocorreu no Brasil, e que haverá um terceiro: dentro de dois anos eles se reencontrarão, mas agora será na França, precisamente em Paris.
