Ex-deputado federal, 3º mais votado na cidade em 2022, estuda volta às urnas em 2026
“Olha, Ramon, agora, neste momento, estamos focados nas entregas. Temos um grande líder que sabe o que fala e nos recomenda: ‘Este ano é um ano de entrega’, que é o ministro Gilberto Kassab. Este ano, que é ímpar, é ano de entrega. Agora, ano par, é ano de eleição, que será o próximo, 2026. Então, você precisa ficar com um olho na política e outro na gestão”. Foi com estas palavras que o ex-deputado federal Walter Ihoshi, atual diretor regional de convênios da Secretaria de Estado de Governo e Relações Institucionais – pasta comandada por Kassab – respondeu à pergunta sobre as eleições de 2026. Atual suplente do PSD na bancada paulista na Câmara dos Deputados, Ihoshi recebeu em 2022 — ano par — a terceira maior votação para federal em Marília, com mais de 11 mil votos. Por três oportunidades anteriores, Walter — como é chamado por políticos próximos e amigos — representou a região em Brasília.
Nomeado pelo governador Tarcísio de Freitas para a função de representar o Estado em 51 cidades da região de Marília, Walter permaneceu na cidade. Diferentemente de Carla Zambelli, deputada federal que obteve em Marília quase 5.300 votos no ano par de 2022 e, após viajar para os Estados Unidos, imigrou para a Itália, seguindo em rumo certo e desconhecido. Antes dela, o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, Eduardo Bolsonaro — que recebeu quase 4 mil votos em Marília — licenciou-se e se instalou nos Estados Unidos. O “tarifaço” de 50% dos produtos brasileiros e uma série de verborragias contra quem busca aplicar o bom senso para o fim desta guerra consistem nos frutos deste deputado que, a princípio, deveria estar em Brasília lutando por Emendas para Marília, cidade que o ajudou a conquistar seu mandato.
Diante destes dois cenários de ausência e desvio das funções de um parlamentar federal por São Paulo, o repórter iniciou a entrevista com uma provocação para Walter Ihoshi: “Se o senhor for eleito deputado federal — assim como foram eleitos Carla Zambelli e Eduardo Bolsonaro — o senhor também irá se mudar para o exterior?”. Ihoshi, sempre educado e muito gentil, riu muito antes de responder à pergunta. “De jeito nenhum, Ramon. Primeiro, quero agradecer essa oportunidade de estar com vocês, parabenizar o jornal online Diário de Notícias Marília pelos resultados e dizer que, para mim, é uma honra estar concedendo esta entrevista aqui no espaço que é o escritório regional do Governo do Estado de São Paulo. E o meu compromisso é com a região. Desde que me elegi pela primeira vez como deputado federal, não era de Marília. Minha primeira votação foi cerca de 3.500 votos, mas tive uma votação considerável na região. E aí tomamos a decisão de abraçar a região. A primeira coisa que fiz foi trazer o meu título de eleitor para cá, transferir o meu domicílio eleitoral e fixar minha residência em Marília. Portanto, desde 2007, tenho residência em Marília, voto em Marília e tenho compromisso com a cidade e também com a região. Ao longo dos meus três mandatos, o nosso trabalho foi muito focado na região e ao contrário do que alguns outros parlamentares fazem… você, inclusive, citou que duas pessoas foram embora do Brasil — o que é diferente. Mas o nosso compromisso é com o Estado, contudo, principalmente com a região”.
Na função que desenvolve desde o primeiro ano do governo Tarcísio de Freitas, Walter Ihoshi atende Marília e outras 51 cidades do entorno. Presente na vida pública desde a década de 1990, o ex-deputado — que chegou a ocupar a presidência da Junta Comercial do Estado de São Paulo, a Jucesp, na gestão do ex-governador João Dória, do PSDB — compreende que o exercício da política mudou de 2018 para cá. “Fundamentalmente, essa mudança aconteceu a partir das eleições de 2018. Quando lá nós tivemos a vitória do ex-presidente Jair Bolsonaro, tornando-se o principal líder da direita no Brasil. Você tinha uma polarização, lá atrás, desde Fernando Henrique, que era PSDB com PT. E as grandes coligações estavam vinculadas ao PSDB. Bolsonaro chega e quebra essa polarização. Inclusive, venceu as eleições de 2018 com pouquíssimos recursos de tempo de televisão. Antigamente, falava-se aos candidatos majoritários: ‘tenha tempo de televisão, que se ganha a eleição’. Mas em 2018, não foi dessa maneira, a lógica do tempo de TV não funcionou e entraram em cena as redes sociais”, analisou Ihoshi.
As eleições de 2026
Nas duas últimas eleições para o Congresso, Ihoshi recebeu votação expressiva, mas não suficiente para conquistar uma das 70 cadeiras do Estado para a Câmara dos Deputados. No ano par de 2026, tudo indica que Walter, que permaneceu em Marília, deverá concorrer às eleições. E ele deixou claro que seu foco é o Congresso, embora já tenha sido sondado em outras oportunidades para concorrer a outros cargos, inclusive no âmbito municipal. Contudo, sua meta realmente é Brasília. “No ano que vem, nós vamos avaliar, e a tendência é buscar um novo mandato como federal”, salientou. Caso eleito, será o seu quarto mandato. Como é primeiro suplente de sua bancada, existe, ainda que remotamente, a possibilidade de assumir uma vaga dentro dos próximos meses. Contudo, Walter não alimenta essa possibilidade e, assim como faz ao contrário de outros políticos, já que ele trabalha em Marília.
[Perfil jornalístico escrito pelo jornalista e escritor Ramon Barbosa Franco, em Marília; quinta-feira, dia 24 de julho de 2025]